quarta-feira, 22 de abril de 2009

Condenação de padre é alerta para quem mistura violência com política

O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, disse, nesta sexta-feira, que a condenação do padre Adelino Gonçalves, mandante do assassinato do vice-prefeito de Mariluz, Aires Domingues, e do ex-presidente do partido no município, Carlos Alberto de Carvalho, o Carlinhos, serve de alerta para aqueles que ainda pensam em conduzir a política na base da violência e da bala.


Os dois membros do PPS foram assassinados na noite do dia 28 de fevereiro de 2001 por um pistoleiro, que teria sido contratado pelo padre. Ontem, o padre, que na época era prefeito da cidade, foi condenado a 18 anos e nove meses de reclusão. Adelino continua sendo padre, apenas está licenciado para tratamento de saúde.


A Diocese de Campo Mourão, à qual o padre responde, não quer se pronunciar no momento. O bispo dom Francisco Javier deve analisar a situação depois da reunião da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que começa quarta-feira.


Na época do assassinato, o atual presidente do PPS do Paraná, Rubens Bueno, então deputado federal, se pronunciou no Congresso pedindo a apuração rápida dos crimes e a punição dos culpados. Mas oito anos se passaram até o julgamento ser realizado ainda em primeira instância. O advogado do padre afirmou que vai recorrer.


Ontem mesmo, Rubens visitou a viúva do companheiro do PPS em Mariluz e reforçou a crença que um dia a justiça se fará, embora lembre que todos os anos o Diretório do partido no Paraná se dirige ao Ministério Público reforçando a necessidade de esclarecimento deste e de tantos outros crimes políticos cometidos no Estado, a exemplo de Miguel Donha, brutalmente assassinado há nove anos, em Almirante Tamandaré.


"Esse foi um dos crimes mais cruéis que já vi, embora eu venha de um partido no qual muitos foram perseguidos, torturados e mortos pela ditadura. O que não se espera é que um padre, que se propõe a conduzir um rebanho no caminho do bem e da paz, seja o mandante de dois assassinatos bárbaros", disse Freire.


A condenação, continua o presidente do PPS, nos dá o alento, embora não repare a tragédia de interromper a vida de dois homens que enxergavam na política um meio para melhorar a vida das pessoas, principalmente as mais pobres e necessitadas, com as quais um padre também deveria se preocupar.


"A política se faz com palavras, idéias e atitudes. Não é possível admitir que, num regime democrático, continue se tentando valer a lei do mais forte, a lei da bala e do fuzil", finaliza.

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